
É quase um consenso entre a elite que Che Guevara foi um homem sanguinário, que não teve dó nem piedade de executar seus inimigos e desafetos na hora H. Era um louco, ouço. No julgamento a Fidel, acrescentam o rótulo de ditador, de homem que não concede ao povo cubano a liberdade de viajar para onde quiser, como se temesse que a ilha inteira se esvaziasse em poucas horas, com a população toda partindo para Miami. São opiniões e, mesmo que na maioria dos casos não sejam acompanhadas de qualquer conteúdo ou informação séria, devem ser respeitadas. Nem Che Guevara era um sanguinário nem Fidel Castro foi, simplesmente, um ditador. Podemos aprofundar o assunto, mas isso é para outra hora.
Meu foco, agora, é o homem da Venezuela. Parece claro que o sonho de Chávez é se transformar no grande mito latino-americano. Também me parece óbvio, no entanto, é que jamais o será. Não tem estatura intelectual para isso. Chávez não alcançará, sequer, o título de ídolo de uma geração sul-americana. Não, presidente, o sr. não chegará lá. Por uma razão muito simples: o sr. jamais será ídolo, símbolo, referência, ícone ou mito de geração alguma porque não se chega a este nível buscando permanentemente atingir tal objetivo. Mitos se constroem ao longo dos anos de uma forma natural, quase sem querer. Quem chega ao status de mito morre sem desconfiar que será alçado à ordem da mitologia depois de bater as botas. Sabemos que os mitos se estabelecem depois da morte. É a morte que dá vida ao mito. E Hugo Chávez, pobre Hugo Chávez, nem isso ele sabe.