segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Silêncio

Depois de algum tempo, volto a escrever no blog. Alguns motivos me levam a reduzir minha produção de textos neste espaço: falta de tempo, falta de motivação, cansaço, uma série de atividades importantes do ponto de vista profissional, outras tantas no âmbito pessoal e falta de inspiração são algumas das razões que me afastaram um pouco do meu próprio blog. Mas há um ponto que, acredito, tenha sido determinante para isso: o excesso de opinião.

Tenho refletido bastante sobre o quanto os indivíduos opinam nesses tempos digitais e com espaços generosos para a manifestação pessoal. Isso é bom. No entanto, como quase tudo na vida, o excesso cansa. É isso o que tenho visto atualmente: o planeta inteiro jogando suas opiniões ao vento. Qual o valor dessas opiniões, afinal?

Quando decidi criar um blog, meu objetivo era – e ainda é – o de manter textos meus em algum lugar. Uma espécie de depósito de textos, coisa minha, coisa pessoal. Não tinha – e ainda não tenho – o sonho de ser lido por milhares de pessoas. Os que leem meu blog o fazem, em sua maioria, porque, de algum modo, mantêm relacionamento comigo. Colegas, amigos, familiares. Até porque, não creio que minha opinião seja lá muito importante. É, apenas, um parecer sobre algo.

O que vejo nos blogs e no twitter, especialmente, é uma verdadeira banalização da opinião. As manifestações e informações, em sua maioria, são geniais e fundamentais para o relacionamento humano, como “vou tomar banho”; “que programa é esse?”; “odeio acordar cedo”; “hoje tem prova. Não sei nada”; “Foi o melhor show que vi na vida”. Pergunto: por que as pessoas têm a necessidade de dizer coisas como essas? Por que precisam contar aos outros que tomarão banho ou que não gostam de acordar cedo? Por que as pessoas acreditam que essas banalidades tolas do cotidiano têm relevância para os outros?

Eu tenho conta no Twitter. Mas não passo por lá já faz algum tempo. Tenho quase 200 seguidores, acreditem. Mas por que eles me seguem? Por certo, pelo mesmo motivo que levam as pessoas a visitar o meu blog. São amigos, parentes, colegas de trabalho, alunos. Claro, eu não chego ao ridículo de dizer no Twitter que vou ao banheiro ou que estou de bom humor ou que detesto acordar cedo. Mas tenho consciência de que não escrevo nada de muito importante para ter 200 almas lendo o que digo. Também cheguei à conclusão de que, mesmo tentando escrever algo interessante em 140 caracteres, estava seguindo a mesma trilha da verborragia opinativa de todo mundo. Então, dei um tempo.

Cansei de ler opiniões sobre o dia, a noite, o programa de TV, a temperatura, o time, a aula, o texto, o jornal, a revista, a partida de futebol, o Jornal Nacional, a reportagem da CNN, a chuva ou sobre qualquer outra coisa. Dia desses, já cansado de opiniões banais – todo mundo tem opinião sobre tudo – escrevi no Twitter a seguinte frase: Que gente que fala!

Será que essa gente toda falando o tempo todo quer dizer alguma coisa? Não sei ao certo. Mas parece claro que esse excesso de manifestação reflete o comportamento geral das pessoas: falar, sempre. Escutar, só de vez em quando. Por isso, prefiro o silêncio.

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