segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A questão da técnica


Entre tantos estudos, o filósofo Heidegger, um dos principais pensadores do século XX, se ocupou em decifrar o conhecimento humano a partir do que chamava de “mundo da vida”, ou seja, o conhecimento a partir da vivência, do vivido. Em um de seus grandes trabalhos publicados, Ser e Tempo, Heidegger trata da fenomenologia, uma teoria de Husserl, de quem Heidegger era discípulo, e que, de forma resumida, dá origem ao Historicismo, uma corrente filosófica que serviu de contraponto ao positivismo, cuja única forma de se chegar à verdade seria por meio de comprovações científicas. O ponto de partida da fenomenologia é o mundo, que nos determina, é a reflexão e não o imediatismo nem a teoria e o método.

Trilhando este caminho, Heidegger busca compreender como se estrutura o mundo para nós, que aqui estamos. Para o filósofo alemão, “nós somos no mundo”. Esta afirmação encontra repouso no fato de que o mundo em que vivemos está sempre estruturado quando a ele chegamos. O mundo que nos recebe está pronto. Por isso, “somos temporalmente”, afirma o professor Francisco Rüdiger, autor de Martin Heidegger e a questão da técnica (Sulina, 2006).

Mais tarde, lá pelo começo da década de 30 do século passado, o pensamento fenomenológico de Heidegger sofre uma ruptura: ele passa a investigar a História do Ser e a relacionar homem e técnica. Em um fragmento do manuscrito de Der Anklang, que integra o preâmbulo do livro de Rüdiger, o autor lembra: "diz-se que a técnica é neutra - o homem é que a converte em uma bênção ou uma maldição. Porém, o que é o homem? O que é a técnica?", pergunta. Esses são alguns dos mistérios que estamos tentando desvendar – ou, ao menos, compreender – nas aulas de Rüdiger e sua Crítica do Pensamento Tecnológico.

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