quinta-feira, 16 de abril de 2009

Quem gosta de teoria?

Pessoas não gostam de teoria. Mais que isso. Pessoas têm ojeriza a tudo o que possa gravitar em torno da palavra teoria. O que importa é a prática. Sim, o mundo lá fora não tem nada de teoria. O mundo real é prático. O mercado de trabalho é prático. A vida é prática. Não há nada de teórico em acordar às 6h e sair às pressas para o trabalho, dar um duro danado o dia todo e voltar cansado pra casa à noite. A luta cotidiana por uma vida decente consome as pessoas. E as força, de certo modo, a pensarem pouco mais que o necessário.

Não me refiro ao pensamento regular, comum, sobre os fatos e as coisas da rotina urbana. A ditadura da vida prática restringe o pensamento denso, profundo sobre esse mesmo cotidiano. O prático inibe a reflexão de tal forma que tudo o que percebemos ao nosso redor acaba parecendo banal, simples. Quem não reflete acredita que tudo é assim porque é.

Se refletirmos um pouco, vamos notar que há teóricos para tudo: internet, literatura, política, comunicação, economia, televisão, fotojornalismo, teatro, cinema, futebol, medicina, urbanismo, radiojornalismo, trânsito, agricultura, cultura, drogas, sexo e rock and roll. Atrás de tudo o que possa nos parecer apenas prático existe mundos repletos de teoria.

A internet, por exemplo. A partir do www, o mundo mudou, sabemos. Mudou o jeito de buscar informações, de ler, de ouvir música, de guardar fotografias, de conversar, assistir a um filme, sintonizar uma rádio, de namorar, de se relacionar com as pessoas. E tudo isso em velocidades inimagináveis há poucos anos. Neste mundo veloz, de trocas rápidas de informação e afeto, mal conseguimos nos atualizar.

Se normalmente não nos apegávamos ao teórico, com a pressa imposta pela web ficou ainda mais difícil de pensar com profundidade. No entanto, é fundamental parar e refletir sobre os mundos que nos cercam. Há alguns dias li um artigo de André Lemos sobre cibercultura. Lá pelas tantas, o autor instiga o leitor a pensar se a internet é uma mídia. Interrompa agora a leitura deste texto por alguns minutos. Reflita sobre isso antes de prosseguir. A internet é uma mídia?

Não, a internet, diz Lemos, não é uma mídia de massa como as que conhecemos há anos. O autor explica que a diferença entre a internet e as mídias tradicionais reside na não vinculação entre o instrumento (equipamento) e a prática. Diz ele: “Quando falo que estou lendo um livro, assistindo TV ou ouvindo rádio, todos sabem o que estou fazendo. Mas quando digo que estou na internet, posso estar fazendo todas essas coisas ao mesmo tempo, além de enviar e-mail, escrever em blogs ou conversar em um chat”. Quando estamos na internet, ninguém sabe exatamente o que estamos fazendo.

Simples, não? Assim fica claro que internet, de fato, não é uma mídia de massa. O engraçado de tudo isso é que a solução ao questionamento proposto por Lemos não vem essencialmente da prática, do uso da internet. Para decepção geral dos práticos de plantão, esta resposta vem da teoria, da reflexão sobre a utilização do www.

2 comentários:

Anônimo disse...

amigo juan!
sim,gosto de teoria,sem ela
o que seria da prática?
ou vice versa!
lançaram a teoria do big bang;
mas já estamos em prática,
há bilhões de ano.
a teoria nada mais é que a recordação da prática.
assim penso,assim ajo.
muito boa a sua página da teoria!
parabéns amigão

JMD disse...

Obrigado pelo comentário. Faz algum tempo que não atualizo a página porque a correria está muito grande. Mas nos próximos dias já terei uma nova postagem.
Abraço
Juan