quinta-feira, 25 de junho de 2009

Vida de ministro

Uma grande curiosidade toma conta de mim neste momento. O que o nobre ministro Gilmar Mendes faz nas horas vagas? O que faz um homem tão culto, letrado, depois que tira o peso da toga dos ombros ao final de sua, imagino, árdua labuta diária? Será que Mendes faz um happy hour com os amigos ministros? Será que ele tem amigos? Será que toma um chopinho, come churrasquinho no espeto – daqueles vendidos em estacionamentos de muitos supermercados de Brasília? Será que ele assiste a alguma partida de futebol na TV? Será que ele curte uma novela? Será que ele gosta da Norminha em cena?

Gostaria de saber como é a rotina de um homem tão nobre e poderoso. Como ele se veste em um sábado pela manhã, sem os compromissos tão exaustivos de ministro do Supremo? Será que ele veste bermuda de sarja e camisa pólo? Bem, disso eu não tenho dúvida. Gente da estirpe de Mendes, nobres da corte, sempre vestem bermuda de sarja e camisa pólo. Assim eles se acham descontraídos e elegantes ao mesmo tempo. Ficam, digamos, brega-chiques. Será que o ministro que admira cozinheiros sabe cozinhar? Será que ele reúne amigos para uma paella preparada por ele mesmo? Nossa, imaginem ser servido pelo todo-poderoso do STF... Que luxo, diria um amigo meu.

Essas perguntas rondam a minha cabeça desde que Gilmar Mendes se tornou o grande porta-voz de toga para declarar que o diploma de jornalista não precisa mais ser exigido para o exercício da profissão. Ao justificar seu voto a favor da martelada sobre o diploma, Mendes fez comparações tão infantis que me recuso a ordená-las aqui. Mas algo me chama a atenção. Ao comparar a necessidade de diploma para o exercício do jornalismo com a atividade de um cozinheiro, fiquei preocupado com o ministro. Por alguns instantes, deixei de me preocupar sobre como seria a vida banal e ordinária de Mendes. Passei a me preocupar com sua saúde! Será que nosso ministro está bem?

Será que ele está conseguindo fazer coisas mundanas, como julgar o futuro da profissão dos outros? Será que ele está mental e fisicamente saudável para compreender o que representa um diploma na vida de um universitário? Na vida de um jornalista formado, qualificado, capacitado, habilitado? Temo que não. Gilmar Mendes não parece bem. Dizem que ele sequer anda lendo jornais. Dizem que há dias não assiste a nenhum telejornal. Mas tudo isso pode ser fofoca de jornalista, intriga contra o pobre do ministro. Neste emaranhado de dúvidas que me atordoam, uma certeza eu tenho: Mendes pode até ter deixado de ler jornais, mas continua lendo a Veja. Religiosamente.

3 comentários:

Pedro Barbosa disse...

Uma total arbitrariedade sem explicação nem precendentes. Bem que ele podia, no uso de suas árduas faculdades mentais, abolir o diploma de direito também. Assim eu também poderia ser ministro do Supremo. Ou alguém tem dúvida que qualquer um pode ser Ministro do STF?
Se ser jornalista é como ser cozinheiro, não precisa de diploma, ser ministro então nem se fala.
Já pensou se a moda pega? Coitado do Gilmar Mendes se ficasse doente.

Unknown disse...

Concordo plenamente com o comentário do Pedro Barbosa. Universidade é bom para qualquer pessoa. O simples fato de conviver num espaço que estimula o pensamento plural e o conhecimento por si só já é produtivo. Então, não vejo razão alguma para este retrocesso. Neste processo, o pior de tudo, na minha opinião, foi aquele voto final do ministro Marco Aurélio, contrário ao projeto. Explico: Se a decisão tivesse sido unânime, caberia recurso. Mas como Sua Excelência deu o seu voto contrário, disfarçado de "a favor" da categoria, safadamente sepultou a discussão e fez valer a opinião da sua tchurma. Lamentável!

JMD disse...

Obrigado pelos comentários, queridos. Ainda mais sobre este assunto, um tema que jamais terá fim.
Juan