terça-feira, 14 de agosto de 2007

Áreas de sombra e de mistério

Inteligência coletiva. Esta é a denominação que Pierre Lévy dá ao estágio em que vivemos hoje. Lévy é professor da Universidade de Ottawa, no Canadá, e está ministrando aula de dois dias para alguns poucos privilegiados alunos do Programa de Pós-Graduação da PUCRS. Para Lévy, que também é uma das celebridades do Fronteiras do Pensamento, projeto cultural da Copesul, vivemos num tempo em que a gestão da humanidade está nas mãos dos intelectuais e suas interconexões. Em outras palavras, o mundo está sendo – e deverá ser cada vez mais – gerido pelo capital do conhecimento e da informação.

Mas como se forma o capital do conhecimento? Para nós, alunos de Lévy, a resposta parece mais um enigma nesta tarefa inglória de tentar compreender as relações humanas no mundo em que vivemos. Para ele, a resposta é simples: tudo pode ser encontrado nas variáveis do conhecimento, na unidade de informação. Com bom humor, Lévy explica que a unidade de informação é composta por três ingredientes essenciais: o signo (símbolo, artes, ciências, capital intelectual), o ser (fonte de afetividade, onde se dá a existência, é o querer, o valor, o capital ético) e a coisa (a referência, o poder, o capital econômico, as finanças). Isso tudo no campo do virtual.

No campo da atualização, temos a memória, as imagens, os meios, as redes, a Internet, as bibliotecas, a mídia, a bibliografia, enfim, o capital cultural. E também temos o capital social, com as pessoas, as regras de convivência e os laços sociais. A ação interconectada de todas essas variáveis resulta na inteligência coletiva a que se refere Pierre Lévy.

Sim, é complicado de entender. Eu, aliás, resolvi escrever no blog algumas impressões que tive sobre a primeira das duas aulas com Lévy para tentar encaixar os pensamentos. Ainda não os encaixei, admito. Mas eu chego lá. Perguntado por uma colega quais seriam, enfim, os benefícios que teria a humanidade a partir da inteligência coletiva, Lévy disse apenas que o conhecimento deve, sempre, servir para melhorar a vida das pessoas. Ao ser questionado onde tudo isso poderia parar, o professor respondeu: “Não tenho conclusões. Acredito que não devemos ignorar a existência do desconhecido. Devemos compreender que o desconhecido existe para que possamos descobri-lo”. Em outras palavras, é o que costuma dizer Juremir Machado da Silva: “é fundamental termos áreas de sombra, de mistério. Não precisamos explicar tudo”.
* A foto de Thiago Gutterman é da Praia do Silveira, em Garopaba.

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigado por Blog intiresny